Resenha – Cartas de Amor aos Mortos

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A conexão entre duas irmãs pode ser algo quase impossível de definir. Laurel e May são irmãs absurdamente ligadas uma com a outra, compartilham a experiência de crescerem juntas dividindo sonhos, expectativas e segredos. Então, no auge da sua juventude, uma tragédia leva para sempre a vida de May. Um dia, durante uma aula, Laurel recebe uma tarefa de escrever uma carta baseada em um poema sobre a perda. Em vez disso, ela passa a escrever cartas para pessoas famosas que já se foram como se fossem realmente suas amigas, a tarefa se revela uma janela para escapar de tanta dor e tantos sentimentos reprimidos que Laurel guarda dentro de si.

Acabei achando esse livro por acidente na Bienal do Livro, assim como muitos outros. Além do título chamativo, achei a capa linda e fiquei curiosa pra saber do que se tratava. Um amigo ainda me deu um pôsterbook do livro, que continha na barra os destinatários famosos das cartas, nomes como Heath Ledger, Amy Winehouse, John Keats, Kurt Kobain entre outros, e um dia desses mamãe e eu fomos pro shopping, passamos na livraria e lá estava ele por um preço ótimo, resolvi adquirir.

É muito interessante como a personagem vai conversando com as pessoas já falecidas e ao mesmo tempo vai contando a sua história pessoal. Conhecemos os personagens do livro pelo seu relato destinado a outras pessoas, e eles vão se desenvolvendo a cada carta.

Laurel é uma menina tímida e retraída, e isso só se acentua com a morte da irmã. Com o trauma, ela não consegue mais encarar o passado e busca recomeçar onde ninguém a conheça. Ao mudar de escola, ela inicialmente se isola, mas acaba conhecendo duas garotas bastante exuberantes. Natalie e Hannah são cheias de vida, são super amigas e em suas aventuras acabam por vezes influenciando Laurel a despertar a rebeldia tão comum na adolescência, bebendo e fumando escondido.

Para Laurel, May era a garota mais perfeita desse mundo e seu ídolo maior. A saudade da irmã faz com que ela procure parecer ainda mais com ela, imitando suas atitudes, pensando como ela e vestindo suas roupas. Isso acaba chamando atenção de Sky, um garoto misterioso que não para de olhar pra ela desde o primeiro dia de escola.
Laurel é uma personagem bastante introspectiva, mas acabamos nos identificando muito com ela. Seja pelo seu espírito resistente, ou justamente nos momentos em que ela fica vulnerável. Em muitos momentos fiquei com muita raiva dela, procurei entender muito do comportamento dela e confesso que depois compreendi.
May é outra personagem à parte. Ela é a alma do livro. De espírito livre, mas também inconsequente, é o retrato de muitos adolescentes que buscam a todo custo se perder para acabar se encontrando, ou simplesmente tentando proteger a quem mais amam escondendo suas tristezas, seu pesar.

Os temas do livro são outro atrativo a parte. Da depressão pós trauma, uso de drogas, aceitação e descoberta da homossexualidade, religião, suicídio, estupro e outros demônios que costumam atormentar tal fase decisiva da vida.
Ademais, o livro é um retrato sensível e belo sobre a perda das pessoas a quem mais amamos, sejam elas famosas ou anônimas das quais viveram e deixaram marcas na vida.

CARTAS DE AMOR AOS MORTOS

AUTOR: Ava Dellaira

Editora: Seguinte

Páginas: 337

Média de Preço: R$ 27

Curiosidade: Stephen Chbosky, autor de “As vantagens de ser invisível” é amigo da autora, e conversou bastante com ela durante o processo de escrita do livro.

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